Jesus (8-4?a.C.– 29-36? d.C.), também chamado de
Jesus de Nazaré, é a figura central do cristianismo. Para a maioria
dos cristãosJesus é Cristo, a encarnação de Deus e o "Filho de Deus",
que teria sido enviado ao mundo para salvar a humanidade.Acreditam que foi crucificado,
morto e sepultado, desceu à mansão dos mortos, mas muitos estudiosos acreditam
que depois de morto, Jesus foi ao paraíso, pois foi o que Ele disse em Lucas
23: 43 e ressuscitou no terceiro dia (na Páscoa). Para os adeptos do
islamismo, Jesus é conhecido no idioma árabecomo Isa(عيسى, transl. Īsā),Ibn
Maryam ("Jesus, filho de Maria"). Os muçulmanostratam-no
como um grande profeta e aguardam seu retorno antes do Juízo Final. Alguns
segmentos do judaísmoo consideram um profeta, outros um apóstata. Os quatro evangelhos
canónicos são a principal fonte de informação sobre Jesus.
Embora tenha pregado apenas em regiões próximas
de onde nasceu, a província romana da Judeia, sua influência difundiu-se
enormemente ao longo dos séculos após a sua morte, ajudando a delinear o rumo
da civilização ocidental.
Fontes textuais
O Didaquê
(em grego clássico: Διδαχń) é um texto do século I, baseado nas tradições das
primeiras comunidades cristãs e escrito por vários autores. Apesar de
pequeno, é de grande valor histórico e teológico. Foi descoberto em 1873 num mosteiro
de Constantinopla.
O papiro
P52, escrito em grego e paleograficamente datados como tendo sido escrito por
volta do ano 125 d.C., é geralmente reconhecido como o mais antigo documento
sobre Jesus. Contém um fragmento de João 18:31-33 no recto
(frente) e João 18:37-38 no verso
|
A principal fonte sobre Jesus são os quatro evangelhos
canónicos, a que se somam outras fontes cristãs, como os evangelhos apócrifos,
e um número escasso de fontes não-cristãs. Estas fontes providenciam poucas
informações sobre o Jesus histórico.
Três dos evangelhos canónicos (Mateus, Marcos e Lucas)
são conhecidos como sinópticosdevido às suas semelhanças. Embora Mateus apareça
em primeiro lugar no Novo testamento, acredita-se actualmente que Marcos foi o
primeiro a ser escrito.]Enquanto que Mateus dirige-se a uma
audiência judaica, e Lucas aos gentios, ambos parecem ter usado Marcos como
fonte, possivelmente numa versão inicial. João, por seu lado, "é uma
produção independente, apresentando os dizeres de Jesus Cristo na forma de
discursos que difere do que contam os outros três".
De acordo com alguns historiadores, estes textos
foram escritos entre setenta a cem anos após a morte de Cristo. Eles recontam
em pormenores a vida pública de Jesus, ou seja, o período de pregações nos
últimos anos da sua vida. No entanto, há limitadas informações sobre sua vida
privada. Representam os principais documentos em que convergem os trabalhos hermenêuticosdos
historiadores. Na atualidade, diversas escolas com diferentes pontos de vista
sobre a confiabilidade dos evangelhose a historicidade de Jesus têm se
desenvolvido.
Os livros apócrifos têm um valor histórico
direto muito ténue ou quase nulo (dada a sua composição tardia, os mais antigos
datam de meados do século II, são mais úteis na reconstrução do ambiente
religioso dos séculos seguintes), eles fazem uso de fábulaslegendárias em
grande partes de suas narrativas.
Os tipos de livros apócrifos são variados: Os evangelhos
apócrifos (como o Evangelho do Pseudo-Tomé e o Evangelho do Pseudo-Mateus) que
contém milagresabundantes e gratuitos que muitas vezes chega a se parecer com a
literatura fantástica, em nítido contraste com a sobriedade dos quatro
evangelhos canônicos. Jesus aparece como uma criançaprodígio, por vezes
caprichoso e vingativo; Entre os evangelhos apócrifos contam-se os gnósticos
(incluindo o Evangelho de Felipe e Evangelho de Tomé), que contêm revelações
privadas e interpretações inéditas sobre o "logos", e transforma
Jesus como um ser divino aprisionado em carne e osso, que precisa deixar este
mundo, a fim de alcançar salvação; Os evangelhos apócrifos da paixão (por
exemplo, o Evangelho de Pedro e o Evangelho de Nicodemos) não acrescentam muito
às descrições de morte de Jesus dos Evangelhos canônicos, mas têm a
característica distintiva de retirar a culpa de Pôncio Pilatos e coloca-las
sobre os chefes e autoridades religiosas judias.
Em algumas obras de autores antigos não-cristãos
estão algumas referências esparsas sobre Jesus ou seus seguidores. A mais
antiga destas obras é o Testimonium Flavianum. Alguns historiadores consideram
tais referências como interpolações posteriores de copistascristãos .
Etimologia
O nomeJesus vem do hebraicoישוע (Yeshua), que
significa "Javé/Jeová (YHVH) salva". Foi também descrito por seus
seguidores como Messias(do hebraicoמשיח (mashíach, que significa ungido e, por
extensão, escolhido), cuja tradução para o grego,Χριστός (Christós), é a origem
da forma portuguesa Cristo.
Nomes e títulos de Jesus
Ver página anexa: Nomes e títulos de Jesus no Novo Testamento
O símbolo do peixe, recorrente no início da iconografiacristã. O termo
"peixe" em grego ἰχθύς (ichthýs) é o acrônimo de Ἰησοῦς Χριστός Θεοῦ
Ὑιός Σωτήρ (Iēsoùs Christòs Theoù Yiòs Sōtèr), Jesus Cristo Filho de Deus
Salvador.
Nos livros de Novo Testamento, Jesus é mostrado
não só com o seu próprio nome mas também com vários epítetose títulos(A lista
está em ordem decrescente de frequência):
·
"Jesus"
·
"Cristo".
Literalmente significa "ungido", foi posteriormente associado ao Messianismo.
Na época de Jesus, o Cristo era esperado pelo povo judeu, especialmente para
promover um resgate social e político.
·
"Senhor". Utilizado
principalmente no livro de Atos dos Apóstolos e nas cartas. O título
honorífico, em grego clássico é desprovido de valor religioso, mas é
particularmente significativa a aplicação dele a Jesus, pela associação que a Septuaginta
faz deste título com o termo hebraico יהוה (YHWH), que é um dos nomes de Deus.
·
"Filho do Homem." Na
tradição judaica tardia, a expressão tinha uma forte conotação escatológica.
·
"Filho de Deus". No Antigo
Testamento, a expressão indica uma relação estreita e indissociável entre Deus
e um homem ou uma comunidade humana. No Novo Testamento, o título assume um
novo significado, indicando uma filial real.
·
"Rei". O atributo da
realeza foi relacionada com o Messias, que era considerado um descendente e
herdeiro do Rei Davi. Jesus, apesar de se identificar com o Messias, rejeitou
as prerrogativas políticas do título.
Alguns dos seus outros títulos são: Rabi (ou
Mestre) Profeta,Sacerdote,Nazareno,Deus, Verbo,[ Filho de José]e
Emanuel.
Além disso, especialmente no Evangelho segundo
João, são aplicadas a Jesus expressões alegóricas como: Cordeiro, Cordeiro de
Deus, Luz do Mundo, pastor, Bom Pastor,Pão da Vida, pão vivente, pão de Deus,
porta, Caminho e Verdade.
Pontos de vista sobre Jesus
Método histórico
Ver artigo principal: Jesus histórico, Jesus nas comparações mitológicas,Mito
de Jesus
Estudiosos têm utilizado o método histórico para
desenvolver a provável reconstrução da vida de Jesus. Ao longo dos últimos
duzentos anos, a imagem de Jesus entre os estudiosos históricos tem vindo a ser
muito diferente da imagem de Jesus baseada nos evangelhos. Alguns estudiosos
fazem uma distinção entre Jesus reconstruindo através dos métodos históricos e
o Jesus entendido através de um ponto de vista teológico, ao passo que outros
estudiosos sustentam que o Jesus teológico representa uma figura histórica.
As principais fontes de informação sobre a vida
de Jesus e seus ensinamentos são os evangelhos, especialmente os evangelhos
sinóticos: Mateus, Marcos e Lucas. Algumas partes dos evangelhos são
consideradas historicamente confiáveis enquanto que outras partes não o são, e
os elementos cuja autenticidade histórica é disputada incluem os dois relatos
sobre o nascimento de Jesus e sobre a ressurreiçãoe detalhes sobre a crucificação.
A maioria dos acadêmicos bíblicos e
historiadores aceitam a existência histórica de Jesus. Um dos proponentes da
não-historicidade foi Bruno Bauerno século XIX. Acadêmicos que rejeitam
totalmente a historicidade de Jesus baseiam-se na falta de evidência arqueológica
direta, a falta de menção em documentos antigos sobre Jesus e a similaridade
entre o cristianismo primitivo e a mitologiae religião contemporânea.
O livro do alsaciano Albert Schweitzer A Busca
do Jesus histórico é um esforço pós-iluminista para descrever Jesus usando o
método histórico crítico. Desde o final do século XVIII, estudiosos têm
analisado os evangelhos e tentado formular a biografia histórica de Jesus. Os
esforços contemporâneos tentam melhorar a compreensão do judaísmo do século I,
analisando os textos religiosos cristãos e usando os métodos de crítica
histórica e sociológica, além da análise literária dos ditos de Jesus.
Ascensão de Jesus numa antiga pintura turca.
No islamismo
Ver artigo principal: Isa (profeta)
Jesus, conhecido em árabecomo Isa ou Isa ibn
Maryam ("Jesus, filho de Maria"), é um dos principais Profetas do
Islã. De acordo com o Alcorãofoi um dos profetas mais amados por Deus e, ao
contrário do que se passa no cristianismo, não é um ser divino. Existem
notáveis diferenças entre o relato dos Evangelhos e a narração do Alcorãoda
história de Jesus.
A virgindade de Maria é plenamente reconhecida
pelo islã. Jesus teria anunciado várias vezes na Bíbliaa chegada de Maomécomo o
último profeta. A morte de Jesus é tratada como complexa, por não reconhecer
explicitamente a sua morte e dizer que antes da morte ele foi substituído por
outro, do qual nada é dito, enquanto Jesus ascende ao céu e ludibria os judeus.
A morte ignominiosa de Jesus não está coberta, porém, afirma-se o seu regresso
no dia do Juízo Final e a descoberta, nesse dia, de que a obra de Jesus era verdadeira.
O Alcorão rejeita a trindade, considerada falsa,
e se refere a Jesus como "Verbo de Deus", mas não o filho dele.
No judaísmo
Ver artigo principal: Yeshua
Mais informações: Yeshu ben Pantera e Judaísmo messiânico
O judaísmoacredita que a idéia de Jesus ser
Deus, ou parte de uma trindade, ou um mediador de Deus, é heresia. O judaísmo
também sustenta que Jesus não é o messiasargumentando que ele não cumpriu as profecias
messiânicas da Tanakh nem encarna as qualificações pessoais do Messias. O
judaísmo afirma que Jesus não cumpriu as exigências estabelecidas pela Torápara
provar que ele era um profeta. E mesmo que Jesus tivesse produzido um sinal que
fosse reconhecido pelo judaísmo, afirma-se que nenhum profeta poderia
contradizer as leis já mencionadas na Torá, o que os rabinos afirmam que Jesus
fez.
A Mishneh Torá, escrita por Maimônides(ou
Rambam), considerada uma das obras da lei judaica, diz que "Jesus é um
"obstáculo" que faz "a maioria do mundo errar para servir a uma
divindade além de Deus". De acordo com o judaísmo conservador, os judeus
que acreditam que Jesus é o Messias "cruzaram a linha" para fora da
comunidade judaica. E quanto ao Judaísmo reformista, o movimento progressista
moderno, afirmam: "Para nós, da comunidade judaica alguém que afirma que
Jesus é seu salvador já não é um judeu e sim um apóstata".
No cristianismo
Ver artigo principal: Cristologia
e Jesus Cristo
A figura de Jesus de Nazaré é o centro da religiãoconhecida
como cristã, embora existam diversas interpretações sobre a sua pessoa.
De um modo geral, para os cristãos, Jesus de
Nazaré é o protagonistade um único ato e intransferível, pelo qual o homem
adquire a capacidade de deixar a sua natureza decaída e atingir a salvação. Tal
ato é consumado com a ressurreição de Jesus Cristo.
A ressurreição é, portanto, o fato central do
cristianismo e constitui sua esperança soteriológica. Como ato, é exclusivo da divindade
e indisponível ao homem. De forma mais precisa, a encarnação, a mortee a
ressurreição compensam os três obstáculos que separam, segundo a doutrina
cristã, Deus do homem: a natureza, o pecado, e a morte. Pela Encarnação do
Verbo, a natureza divina se faz humana. Pela morte de Cristo, se vence o pecado
e por sua ressurreição, a morte.
Historicamente, o núcleo da doutrina cristã foi
fixado no Primeiro Concílio de Niceia, em 325, com a formulação do Credo niceno.
Este concílioé reconhecido pelas principais denominações cristãs: católica, ortodoxae
de várias igrejas protestantes.
Cremos em
um só Senhor, Jesus Cristo, Filho Unigênito de Deus, gerado do Pai desde toda a
eternidade, Deus de Deus, Luz da Luz, Deus verdadeiro de Deus verdadeiro,
gerado, não criado, consubstancial ao Pai; por Ele todas as coisas foram
feitas. Por nós e para nossa salvação, desceu dos céus; encarnou por obra do
Espírito Santo, no seio da Virgem Maria, e fez-se verdadeiro homem. Por nós foi
crucificado sob Pôncio Pilatos; sofreu a morte e foi sepultado. Ressuscitou ao
terceiro dia, conforme as Escrituras; subiu aos céus, e está sentado à direita
do Pai. De novo há de vir em glória, para julgar os vivos e os mortos; e o seu
reino não terá fim.
Existem, no entanto, igrejas não trinitárias, ou
unicistasque não reconhecem a existência de uma trindade de pessoas em Deus.
Jesus Cristo de Nazaré é também considerado a
encarnação e Filho de Deus, segunda pessoa da Santíssima Trindade cristã. É
Filho por Natureza, e não por adoção, o que significa que sua Divindade
absoluta e sua humanidadeabsoluta são inseparáveis. A relação entre a natureza
divina e humana foi fixada no Concílio de Calcedónia, nestes termos:
Fiéis aos
santos Pais, todos nós, perfeitamente unânimes, ensinamos que se deve confessar
um só e mesmo Filho, nosso Senhor Jesus Cristo, perfeito quanto à divindade, e
perfeito quanto à humanidade; verdadeiramente Deus e verdadeiramente homem,
constando de alma racional e de corpo,
Denominações cristãs com discrepâncias
doutrinárias
Ver artigo principal: Disputas cristológicas, Heresia
Existem algumas minorias cristãs que não
partilham das definições do Concílio de Nicea, do Concílio de Éfeso e do Concílio
de Calcedónia.
·
Nestorianismo, variante
doutrinal inspirada pelo pensamento de Nestório, que possui uma denominação
ativa hoje (a Igreja Assíria do Oriente) e é endossada por algumas escolas
ligadas ao Cristianismo Esotérico, como a Fraternidade Rosacruz de Max Heindel.
O centro de sua doutrina é a recusa em acreditar que o Filho de Deus tenha
algum dia sido uma criança. Consequentemente, a separação entre as pessoas
humana e divina de Jesus. Foi rejeitado pelo Concílio de Éfeso.
·
Monofisismo é a variante de
uma unificação das duas doutrinas sobre a natureza de Jesus de Nazaré. Afirma
que em Cristo existe uma só natureza: a divina. Foi promovido pelo Eutiques e
rejeitado no Concílio de Calcedónia.
Novos movimentos religiosos de
origem cristã ou supostamente cristã
Vários movimentos religiosos dito cristãos,
geralmente protestantes, surgidos a partir da segunda metade do século XIX, se
afastaram das crenças da maioria das denominações cristãs no que concerne à
trindade divina, a natureza de Cristo e a sua missão. Discute-se se esses
movimentos podem ser considerados como cristãos.
·
A Igreja de Jesus Cristo dos
Santos dos Últimos Dias (conhecido como Mórmons) crêem que Jesus oferece duas
salvações diferentes: a da morte física e a da morte espiritual. Os mórmons
também mantém a crença de que depois da ressurreição Jesus visitou a América e
continuou ali seus ensinamentos
·
As Testemunhas de Jeová
consideram Jesus como "filho unigênito", o único a ser criado
diretamente por Deus, bem como "o primogênito de toda a criação", e
também como "o primogênito dentre os mortos", ou seja, o primeiro a
ser criado e o primeiro a ser ressuscitado dentre os mortos para a imortalidade.
Ele não é um homem nem o Deus onipotente, mas "uma poderosa criatura
espiritual" e um "rei entronizado, cujo sangue derramado abre o
caminho para a humanidade obter a vida eterna".Além disto, Jesus não faz
parte de uma trindade pois não é Deus, mas sim deus, ou seja, um deus submisso
a um outro Deus, o qual é Jeová; Negam a Divindade absoluta de Cristo e Sua
igualdade com o Pai. As Testemunhas de Jeová afirmam que Jesus não morreu numa cruz
com uma reta vertical e uma horizontal, mas numa estaca de tortura, com apenas
uma reta vertical. Outra característica importante é que Jesus não ressuscitou
no mesmo corpo que morreu e se tornou rei do céu em 1914 e que desde então
vivemos no período da Segunda vinda de Cristo.
·
A Igreja Adventista do Sétimo
Dia enfatiza, como a maioria dos grupos adventistas, uma escatologia milenarista
e acredita que a segunda vinda de Jesus é iminente e que será visível e
palpável. Além disso, têm o Sábado como dia sagrado de descanso, e afirmam que
seguem o exemplo de Jesus, que ia à Sinagoga aos Sábados.
Outros movimentos se afastam muito das crenças
cristãs, como alguns que negam terminantemente a divindade de Jesus e a sua
missão de salvação.
Biografia de Jesus pelo Novo Testamento
Grande parte do que é conhecido sobre a vida e
os ensinamentos de Jesus é contado pelos Evangelhos canônicos: Evangelhosde Mateus,
Marcos, Lucas e João, pertencentes ao Novo Testamento da Bíblia. Os apócrifos
do Novo Testamento apresentam também alguns relatos relacionados a Jesus.
Existem também diversas obras que tentaram harmonizar o relato dos quatro Evangelhos
canônicos num único relato cronologicamente coerente e elas são chamadas de
"harmonias evangélicas", sendo a mais antiga delas o Diatessarão já
do século II d.C.
Esses Evangelhos narram os fatos mais
importantes da vida de Jesus. Os Atos dos Apóstolos contam um pouco do que
sucedeu nos 30 anos seguintes. As Epístolas(ou cartas) de Paulo também citam
fatos sobre Jesus. Notícias não-cristãs de Jesus e do tempo em que ele viveu
encontram-se nos escritos de Josefo, que nasceu no ano 37d.C.; nos de Plínio, o
Moço, que escreveu por volta do ano 112; nos de Tácito, que escreveu por volta
de 117; e nos de Suetônio, que escreveu por volta do ano 120.
Genealogia
Ver artigo principal: Genealogia de Jesus
A anunciação do Anjo Gabriel a Maria, por Leonardo da Vinci, 1475,
Galleria degli Uffizi, Florença.
Dos quatro evangelhos, apenas Mateus e Lucas dão
relato da genealogiade Jesus. Estes relatos são substancialmente diferentes.
Várias explicações têm sido sugeridas e tornou-se tradicional desde, pelo
menos, 1490 pressupor que a genealogia dada por Lucas foi traçada através de
Maria e que a Mateus o faz através de José. Acadêmicos modernos geralmente vêem
as genealogias como construções teológicas. Mais especificamente, sugere-se que
as genealogias tenham sido criadas com o objetivo de justificar o nascimento de
uma criança com linhagem real.
Nascimento
Ver artigo principal: Nascimento de Jesus
Mais informações: Três Reis Magos
A adoração de Cristo, Fra Angélicoe Filippo Lippi,National Gallery of
Art, Washington
Estudiosos geralmente estimam que Jesus nasceu
entre 7-2 AC/ACE e morreu entre 26-36 DC/DCE.
Não há evidência histórica contemporânea
demonstrando a data de Nascimento de Jesus. O calendário gregoriano é baseado
em uma tentativa medieval de contar os anos desde o nascimento de Jesus, que
foi estimado por Dionysius Exiguus entre 2 AC/ACE e 1 DC/DEC. O evangelho de
Mateus afirma que o nascimento aconteceu durante o reinado de Herodes, que
morreu em 4 ACE, sugerindo que Jesus pudesse ter até dois anos de idade quando
ele teria ordenado o Massacre dos inocentes. O autor do evangelho de Lucas
similarmente coloca o nascimento de Jesus como tendo ocorrido durante o reinado
de Herodes, mas afirma que o nascimento aconteceu durante o Censo de Quirino
das províncias romanas da Síria e Judeia, o que geralmente se crê ter
acontecido em 6 DCE, ou seja, uma década depois da morte de Herodes. A maioria
dos acadêmicos dão preferênca à faixa entre 6 e 4 ACE.
De acordo com o relato do evangelho de Lucas, na
época do rei Herodes o sacerdoteZacarias, esposo de Isabel — ambos já de idade
avançada —,recebeu a promessa do nascimento de João Baptistaatravés do anjoGabriel.
No sexto mês da gestação de Isabel, o mesmo anjo
Gabriel aparece a Maria na cidade de Nazaré, a qual era virgem e noiva de José,
e anuncia que ela viria a conceber do Espírito Santo e que daria ao seu filho o
nome de Jesus. Mateus traz a informação de que José, ao saber que sua noiva
estava grávida, não teria compreendido inicialmente que Maria recebera a missão
de conceber o Messiase se afastou dela. Mas em sonho, um anjo lhe revelou a
vontade de Deus, e ele aceitando-a, recebeu Maria como esposa.
Massacre dos Inocentes quadro de Peter Paul Rubens (1577-1640).
Segundo Mateus, o imperador Otávio Augusto teria
promovido um recenseamentode todos os habitantes do Império, tendo estes que se
alistar em suas respectivas cidades. José, por ser da cidade de Belém, teria
levado Maria até esta cidade. Chegando ao local de destino, por não terem
encontrado hospedagem, Jesus nasce em uma manjedoura. Segundo Lucas, os
pastores da região, avisados por um anjo, vieram até o local do nascimento de
Jesus para adorá-lo.
Completados os oito dias que determinava a
tradição judaica, Jesus foi levado ao templo por sua família para ser circuncidado,
quando foi abençoado por Simeão e Ana.
Segundo o relato do evangelista Mateus, Jesus
teria recebido a visita dos magosdo oriente, os quais, segundo a tradição
natalina, seriam três reisda Pérsia. Os magos teriam chegado a Jerusalém
seguindo a trajetória de uma estrela que anunciaria a vinda do Messiasao mundo.
E, ao encontrarem Jesus numa casa com Maria, adoraram-lhe e ofertaram ouro, incensoe
mirrarepresentando, respectivamente, a sua realeza, a sua divindade e a sua
imortalidade. Por causa desta visita Herodes teria se decidido a matar aquele
que lhe iria tomar o trono, o chamado Massacre dos Inocentes. Tal notícia teria
chegado a José, que então foge com Maria e o menino para o Egito. Jesus e sua
família teriam permanecido no Egito até a morte de Herodes, quando então José,
após ser avisado por um anjo em seus sonhos, retorna para a cidade de Nazaré.
Infância e juventude
Ver artigo principal: Irmãos de Jesus, Sagrada Família de Jesus de
Nazaré
John Everett Millais, Jesus na casa de seus pais, 1850.
Segundo Mateus 2:13-23, após a fuga para o
Egipto a família de Jesus permaneceu nessa região até à morte de Herodes, o
Grande. Nessa altura deixam o Egipto e estabelecem-se em Nazaré, de modo a
evitar terem de viver sob a autoridade do filho e sucessor de Herodes, Arquelau.
A única referência à adolescência de Jesus nos
Evangelhos canónicos ocorre em Lucas 2:42-51, conhecido como "Jesus entre
os doutores". Segundo este evangelista, aos doze anos Jesus foi com os
pais de Nazaré a Jerusalém, para a festa de Pessach, a Páscoajudaica, e lá
surpreendeu os doutores do Templopela facilidade com que aprendia a doutrina, e
por suas perguntas intrigantes.
Em Marcos 6:3, Jesus é designado como tekton
(τέκτων em Grego), normalmente percebido como significando carpinteiro. Mateus
13:55 diz que era filho de um tekton.
Para além das informações do Novo Testamento, as
associações específicas da profissão de Jesus à carpintaria são uma constante
nas tradições cristãs dos séculos I e II. São Justino Mártir, que morreu cerca
do ano 165, escreveu que Jesus fazia juntase arados.
Batismo e tentação
Ver artigo principal: Batismo de Jesus
Tentação de Cristo por Ary Scheffer, pintura do século XIX.
Todos os três Evangelhos sinóticos descrevem o batismode
Jesus por João Batista, e este evento é descrito pelos eruditos bíblicos como o
início do ministério público de Jesus. De acordo com as fontes canônicas, Jesus
foi para o rio Jordãoonde João Batista estava pregando e batizando as pessoas.
Mateus descreve que João estava hesitante em
atender o pedido de Jesus para ser batizado, alegando que ele é quem deveria
ser batizado por Jesus. Mas Jesus insistiu, "Consente agora; porque assim
nos convém cumprir toda a justiça." (Mateus 3:15). Depois que Jesus foi
batizado e saiu da água, Marcos afirma que Jesus "viu os céus se abrirem,
e o Espírito, qual pomba, a descer sobre ele. e ouviu-se dos céus esta voz: Tu
és meu Filho amado; em ti me comprazo." (Marcos 1:10–11). O Evangelho de
João não descreve o batismo e nem se refere a João como "o Batista"
mas ele atesta que Jesus é aquele sobre quem João tinha pregado — o Filho de
Deus.
Após o seu batismo, Jesus foi levado para o
deserto por Deus, onde jejuou durante quarenta dias e quarenta noites. Durante
esse tempo, o diabo lhe apareceu e o tentou por três vezes. Em cada uma das
vezes, Jesus rejeitou as tentações respondendo com uma citação das escrituras.
Em seguida o diabo se foi e os anjos vieram para cuidar de Jesus.
Ministério
Ver artigo principal: Milagres de Jesus
O Sermão da Montanha, Carl Heinrich Bloch, Copenhague, século XIX.
Os evangelhos narram que Jesus veio ao mundo
para anunciar a salvaçãoe as Bem-aventuranças à humanidade. Durante o seu
ministério, é dito que Jesus fez vários milagres, como andar sobre a água, transformar
água em vinho, várias curas, exorcismos(como o exorcismo na sinagoga de
Cafarnaum) e ressuscitação de mortos (como a Ressurreição de Lázaro). É nesta
época também que Jesus expulsa os vendilhões do Templo, conhecido como o único
relato do Evangelho onde Ele se vale da violência física para realizar seu
intento.
O evangelho de João descreve três Pessachsdurante
o ministério de Jesus, e isso implica dizer que Jesus pregou por pelo menos
dois anos e um mês, apesar de algumas interpretações dos evangelhos sinóticos sugerirem
um período de apenas um ano. Jesus desenvolveu seu
ministério principalmente na Galileia, tendo feito de Cafarnaum uma de suas
bases evangelísticas e se deslocando várias vezes a Tiberíades pelo Mar da
Galileia. Esteve também em cidades como Samaria, na Judeiae sobretudo em Jerusalém
logo antes de sua crucificação. Esteve em outros lugares de Israel, chegando a
passar brevemente por Tiro e por Sidom, cidades da Fenícia.
Mandamentos
Os principais temas da pregação de Jesus foram,
de acordo com os Evangelhos, o anúncio do Reino de Deus, o perdãodivino dos pecadose
o amor de Deus. Expostos, entre outros, nas inúmeras parábolase acções de
Jesus, no Pai-Nosso, nas Bem-aventuranças e na chamada regra de ouro. Jesus
resumiu também "toda a Lei e os Profetas" do Antigo Testamento em
apenas dois mandamentos fundamentais, a saber: "Amar a Deus de todo coração,
de toda almae de todo espíritoe ao próximo como a ti mesmo"(Mateus
22:37-39). A doutrina católica sobre os Dez Mandamentosconsidera que os dez
mandamentos do Decálogosão uma refracção destes dois mandamentos referentes ao
bem da pessoa.
Além destes ensinamentos, Jesus trouxe um novo
mandamento: "que vos ameis uns aos outros, como Eu vos amei" (João
15:10).
A transfiguração
Ver artigo principal: Transfiguração (cristianismo)
Transfiguração de Jesus, de Ernesto Thomazini, na Basílica do Bom Jesus
de Iguape e Nossa Senhora das Neves em Iguape (SP).
De acordo com os evangelhos sinóticos, Jesus
levou três dos seus apóstolos— Pedro,João e Tiago— a um monte para orar.
Enquanto lá estavam, Jesus foi transfigurado diante deles. Segundo o relato do
evangelista Lucas, seu rosto brilhava como o sol e as suas roupas
resplandeciam, então Elias e Moisésapareceram e conversavam com ele. Uma nuvem
brilhante os cercou, e uma voz vinda do céu disse: "Este é o meu Filho
amado, de quem me comprazo, a ele ouvi". Os evangelhos também afirmam que
até o final de seu ministério, Jesus começou a alertar seus discípulos de sua
morte e ressurreição futura.
A paixão
Ver artigo principal: Mistério Pascal
A entrada triunfal em
Jerusalém
Ver artigo principal: Entrada triunfal em Jerusalém
Segundo os quatro evangelhos, Jesus foi com seus
seguidores a Jerusalémpara celebrar ali a festa da Páscoa judaica. Ele entrou
na cidade no lombo de um jumento. Foi recebido por uma multidão, que o aclamou
como "filho de Davi". Nos evangelhos de Lucas e João, também é
chamado de rei.
Segundo Lucas, alguns dos fariseus, ouvindo o
clamor da multidão dos discípulos, chegaram a pedir a Jesus que os
repreendesse. Jesus então responde aos fariseus dizendo: "Se eles se
calarem, as próprias pedras clamarão" (Lucas 19:40).
Ceia anterior à crucificação
Ver artigo principal: Última Ceia
A Última Ceia, de Leonardo da Vinci, 1495-1497
Segundo os sinóticos, Jesus celebrou a páscoa
com seus apóstolos —evento chamado pela tradição cristã de "A Última
Ceia". Durante a comemoração, Jesus predisse que seria traído por um dos
seus apóstolos, Judas Iscariotes. Ao servir o pão, ele disse: "Tomai e
comei, este é o meu corpo", logo após, pegou um cálice e disse:
"bebei todos, este é o meu sangue, o sangue da nova aliança, que será
derramado para a remissão dos pecados".
O Evangelho segundo João oferece maiores
detalhes sobre os momentos da última ceia entre os capítulos 13 e 17, relatando
o momento em que Jesus lavou os pés dos discípulos com água, os diálogos com os
apóstolos, os últimos ensinamentos que transmitiu antes de morrer e a oração
sacerdotal.
A prisão
Ver artigo principal: Prisão de Jesus
Mais tarde, na mesma noite, segundo os
sinóticos, Jesus teria ido para o jardim de Getsêmani, na encosta do monte das Oliveiras,
em frente ao Templo, para orar. Três discípulos — Pedro, Tiago e João
—faziam-lhe companhia.
Judas havia realmente traído Jesus, e o entregou
aos sacerdotes e aos anciãosde Jerusalém, que pretendiam prendê-lo, por trinta
moedas de prata. Acompanhado por um grupo de homens armados, Judas chegou ao
jardim enquanto Jesus orava, para prendê-lo. Ao beijá-lo na face, revelou a
identidade de Jesus e este foi preso. Por parte de seus seguidores houve um
princípio de resistência, mas depois todos se dipersaram e fugiram.
O julgamento
Ecce Homo("Eis o homem"!), Pôncio Pilatos ao apresentar Jesus
Cristoaos judeus. Obra do pintor italiano Antonio Ciseri (1821-1891)
Os soldados levaram Jesus para a casa do Sumo
Sacerdote Caifás. A lei judaica não permitia que o Sinédrio, a suprema corte
judaica, se reunisse durante o Pessache a lei romana proibia que se condenasse
um homem à morte. Jesus foi acusado primeiramente de ameaçar destruir o templo,
mas as testemunhas entraram em desacordo. Depois, perguntaram a Jesus se ele
era o Messias, o Filho de Deus e rei dos judeus. Jesus respondeu que era, e foi
então acusado de blasfemarao dizer-se Deus.
Após isso, os líderes judeus levaram Jesus à
presença de Pôncio Pilatos, que então governava a província
romana da Judeia. Acusavam-no de estar traindo Roma ao dizer-se rei dos judeus.
Como Jesus era galileu, Pilatos enviou-o a Herodes Antipas — filho de Herodes,
o Grande — que governava a Galileia. Lucas conta que Herodes zombou de Jesus,
vestindo-o com um manto real, e devolveu-o a Pilatos.
Jesus foi então flagelado e recebeu a coroa de
espinhos. Era de praxe os governantes romanos libertarem um prisioneiro judeu
por ocasião do Pessach. Pilatos expôs Jesus e um assassino condenado, de nome Barrabás,
na escadaria do palácio, e pediu à multidão que escolhesse qual dos dois
deveria ser posto em liberdade (um episódio conhecido como Ecce Homo). A
multidão voltou-se contra Jesus e escolheu Barrabás. Pilatos entregou então
Jesus para morrer na cruz. A crucificação era uma forma comum de execução
romana, aplicada, em geral, aos criminosos de classes inferiores.
A crucificação
Ver artigo principal: Crucificação de Jesus, Cruz cristã
Diego Velázquez, Cristo crucificado, 1631.
Jesus foi vestido com um manto vermelho,
puseram-lhe na cabeça uma coroa de espinhos e na mão uma vara de bambu. Os
soldados romanos zombavam dele dizendo: "Salve o Rei dos Judeus". A
seguir, espancaram-no e cuspiram nele. Forçaram-no a carregar a própria cruz,
até um lugar chamado Gólgota. Ao vê-lo perder as forças, ordenaram a um homem,
de nome Simão Cireneu, que tomasse da cruz e a carregasse durante parte do
caminho.
Conduzido para fora da cidade, Jesus foi pregado
na cruz pelos soldados romanos. João conta que escreveram no alto da cruz a
frase latina "Iesus Nazarenus Rex Iudeorum".Puseram a cruz de Jesus
entre as de dois ladrões.[160][nota 39]Antes de morrer, Jesus
exclamou: "Elí, Elí, lamá sabactani" que traduzido seria "Meu
Deus, meu Deus, por que me abandonaste?" (Mateus 27:46). Depois de três
horas, Jesus morreu. José de Arimatéia e Nicodemospuseram o seu corpo num
túmulo recém-aberto, e o fecharam com uma pedra.
Existe uma questão que pode ser polêmica para
algumas pessoas inclusive estudiosas da questão envolvida, conforme os
parágrafos abaixo:
Um erro de tradução da Bíblia é tomar
stauróscomo estaca ou estaca de tortura e, baseando-se nisto, dizer que Jesus
foi pregado em uma estaca ao invés de uma cruz. Isto pois, na época que se diz
ser a da morte de Jesus, o significado da palavra já havia passado a abranger
duas estacas cruzadas.
Por outro lado, o livro The Non-Christian Cross (A
Cruz Não-Cristã), de J. D. Parsons, explica: “Não existe uma única sentença em
nenhum dos inúmeros escritos que formam o Novo Testamento que, no grego
original, forneça sequer evidência indireta no sentido de que o staurós usado
no caso de Jesus fosse diferente do stauróscomum; muito menos no sentido de que
consistisse, não em um só pedaço de madeira, mas em dois pedaços pregados
juntos em forma de uma cruz.”
A ressurreição
Ver artigo principal: Mistério Pascal e Ressurreição de Jesus
A ressurreição de Cristo, por Raffaello Sanzio, 1500.MASP
Os Evangelhos contam que, no domingo de manhã, Maria
Madalena foi bem cedo ao túmulo de Jesus, onde encontrou a pedra fora do lugar
e o sepulcro vazio. Depois disso, Jesus apareceu a ela e a Simão Pedro. Dois
discípulos viram-no na estrada de Emaús.
Entretanto, os evangelhos discordam em relação a
quantidade de pessoas que foram com Maria Madalena naquela manhã. João 20:1 faz
referência apenas a uma pessoa, Mateus 28:1 cita Maria Madalena e a outra
Maria. Marcos 16:1 faz referências a Maria Madalena, Maria, mãe de Tiago e
Salomé, já Lucas 24:1, 2, 3 e 10 não deixa tão evidente a quantidade de
pessoas.
Os Evangelhos dizem que os onze apóstolos fiéis
encontraram-se com ele, primeiro em Jerusalém e depois na Galileia onde chegou
a ser visto por algumas centenas de pessoas. Porém, é o relato de Mateus que
mais oferece detalhes sobre os acontecimentos que envolveram o momento da
ressurreição.
Segundo o Evangelho de Mateus, a ressurreição de
Jesus teria sido precedida de um grande terremotoem razão da remoção da pedra
que estava na entrada do sepulcro:
E eis que
houve um grande terremoto; porque um anjo do Senhor desceu do céu, chegou-se,
removeu a pedra e assentou-se sobre ela. O seu aspecto era como um relâmpago, e
a sua veste, alva como a neve. E os guardas tremeram espavoridos e ficaram como
se estivessem mortos.
No mesmo Evangelho é informado também que os
líderes judeus da época teriam subornado os guardas para que contassem uma
versão diferente, ou seja, que os discípulos teriam levado o corpo de Jesus
enquanto os vigias dormiam.
Além dos quatro Evangelhos e do livro de Atos
dos Apóstolos, há outras fontes que falam da ressurreição de Jesus. Uma delas,
também encontrada no Novo Testamento, seria um breve relato de Paulo nos versos
de 3 a 8 do capítulo 15 em sua primeira epístola aos coríntios, escrita por
volta do ano 55da era cristã, onde o apóstolo menciona duas outras aparições de
Jesus após a sua ressurreição, não registadas nos Evangelhos. Numa delas, Jesus
teria sido visto por mais de quinhentas pessoas. Na outra ocasião, teria
aparecido ao seu parente Tiago, o qual, após esta experiência, teria
se tornado um seguidor e líder da Igreja de Jerusalém, escrevendo ainda um dos
livros do Novo Testamento.
A ascensão
Ver artigo principal: Ascensão de Jesus
Garofalo:Ascensão de Cristo, 1510-20.
A ascensãode Jesus é relatada nos Evangelhos de
Marcos e de Lucas, além de constar no começo do livro de Atos dos Apóstolos, o
qual também foi escrito por Lucas.
Em Atos, Lucas narra que Jesus, após
ressuscitar, apareceu durante quarenta dias aos apóstolos, passando-lhes
ensinamentos e confirmando que receberiam o Espírito Santo. Prossegue o
evangelista informando que, após esses dias, Jesus foi elevado às alturas até
ser encoberto por uma nuvem.
Marcos, em seu resumido Evangelho, apenas
comenta que Jesus, depois de ter falado aos seus discípulos, foi recebido nos
céus e se assentou à direita de Deus. É Lucas quem dá mais detalhes sobre esse
momento, informando ter sido em Betânia que Jesus se despediu de seus
discípulos, abençoando-os enquanto era elevado ao céu (Lucas 24:50-52).
Por sua vez, em Atos, o seu segundo livro, Lucas
relata que, durante a ascensão de Jesus, os discípulos permaneceram olhando
para o céu até que tiveram a visão de dois anjos que lhe indagaram sobre aquela
atitude, os quais teriam proferido as seguintes palavras:
Varões
galileus, por que estais olhando para as alturas? Este Jesus que dentre vós foi
assunto ao céu virá do modo como o vistes subir
Diferente da ocasião da morte de Jesus na cruz,
Lucas diz que os discípulos não ficaram entristecidos com a aparente separação
ocorrida na ascensão, mas retornaram felizes para Jerusalém.
Já nos Evangelhos escritos pelos apóstolos
Mateus e João, não há nenhuma descrição sobre a ascensão de Jesus. Em Mateus,
por exemplo, o texto termina na segunda parte do seu último verso com a frase
de que Jesus permanecerá todos os dias com os seus discípulos até o fim do
mundo (Mateus 28:20).
Mesmo depois da ascensão, as obras que compõem o
Novo Testamento trazem outros relatos de aparições de Jesus, como ocorre na
conversão de Saulo e também na visão de João quando o apóstolo é arrebatadoaos
céus durante sua prisão em Patmos e recebe a missão de escrever o Apocalipse.
Relíquias de Jesus
Ver artigo principal: Prepúcio Sagrado, Santo Graal,Santo Sudárioe Vera
Cruz
Detalhes do Sudário: A esquerda o retrato real, a direita um negativo em
preto e branco.
Segundo a tradição católica e ortodoxa, que não
foi aceita pelos protestantes, existem muitas relíquiasatribuídas a Jesus. É
discutido que algumas dessas relíquias sejam falsificações medievais.
Na contemporaneidade, a mais conhecida, estudada
e discutida relíquia de Jesus é talvez o Sudário (σινδών, sindón, que significa
"pano" em grego), atualmente armazenados em Turim e de posse pessoal
do Papa. Segundo a tradição, é o pano em que estava envolto o corpo de Jesus no
túmulo. O tecido é de linho e mede 442 x 113 cm. Apresenta uma dupla imagem
(frente e verso) de um homem com barba, bigode e cabelos compridos, ostentando
as marcas no corpo correspondente à descrição da paixão: marcas de flagelação,
a coroa de espinhos, mãos e pés perfurados por pregos e a ferida por lança ao
lado. O quadro não é uma pintura, mas o resultado de um gradual amarelecimento
da fibra têxtil - como se fosse um negativo de um filme fotográfico. Na parte
mais profunda das feridas há vestígios de sangue tipo AB.
As outras relíquias atribuídas a Jesus são os
supostos restos do corpo de Jesus (incluindo vários traços de sangue, uma costelae
os restos da circuncisão de Jesus - o Santo prepúcio) e os objetos com os quais
ele entrou em contato, como as lascas da cruz (uma das quais, provavelmente
original encontra-se no Obelisco do Vaticano), a coroa com espinhos, a lança
que o perfurou, o título que foi pregado à cruz[nota 38]e taça que
ele teria usado na última ceia (o Santo Graal).
Jesus na ficção e na arte
Na arte
Cristo Pantocrator, mosaico. Catedral de Cefalù.
Num primeiro momento, a arte do cristianismo
evitou representar Jesus em forma humana, preferindo invocar sua figura através
de símbolos, tais como omonogramaformado pelas letrasgregas Χy Ρ, iniciais do
nome grego Χριστός (Cristo), a união as vezes de Αy Ω, primeira e última
letras, respectivamente, do alfabeto grego, para indicar que Cristo é o
princípio e o fim; o símbolo do peixe em grego (ΙΧΘΥΣ, «ikhtus», acrósticode
Ἰησοῦς Χριστός, Θεοῦ Υἱός, Σωτήρ(Iesous Khristos Theos uios Soter; "Jesus
Cristo Filho de Deus Salvador"). Ele também já foi representado como um cordeiro
(o Cordeiro de Deus); e também em símbolos antropomórficos, como o Bom Pastor.
Mais tarde apareceram representações de Cristo,
primeiro representado como um jovem, muitas vezes com o rosto de Alexandre
Magno, sem barba e sem cabelos longos. A partir do século IVfoi representado
quase exclusivamente com barba. Na arte bizantina se tornou habitual uma série
de representações de Jesus. Algumas das quais com a imagem do Pantocrator, que
tiveram um grande sucesso na Europa medieval.
Na literatura
Desde finais do século XIX, inúmeros autores de
obras literários têm dado sua interpretação pessoal da vida de Jesus. Entre as
obras mais destacadas que trataram do tema podemos citar:
·
Mikhail Bulgakov: O Mestre e
Margarida (escrito entre 1928 e 1940, publicado em 1967).
·
Robert Graves: Rei Jesus
(1947).
·
Níkos Kazantzákis: Cristo
Crucificado (1948) e A Última Tentação de Cristo (1951), no qual se basearia Martin
Scorsese para filmar o filme homônimo.
·
Fulton Oursler: A Maior
História Jamais Contada (1949). No qual se baseou o filme de George Stevens.
·
José Saramago: O Evangelho
segundo Jesus Cristo (1991).
·
Norman Mailer: O Evangelho
segundo o Filho (1997).
·
Fernando Sánchez Dragó: Carta
de Jesus ao Papa (2001).
O mistério da vida de Jesus também é tema de algumas
obras da literaturacomercial, às vezes em gêneros como a ficção ou o romance de
mistério.
·
Mirza Ghulam Ahmad: Jesus na
Índia 1899
·
Juan José Benítez: Operação
Cavalo de Tróia (1984-2006; saga de vários volumes).
·
Dan Brown: O Código da Vinci
(2003)
No cinema
A vida de Jesus de acordo com os relatos do Novo
Testamento e normalmente sob um ponto de vista cristão, tem sido frequente. De
fato, Jesus de Nazaré é um dos personagens mais interpretados no cinema. O
primeiro filme sobre a vida de Jesus foi La vie et la passion de Jésus-Christ
de Georges Hatot y Louis Lumière. No cinema mudo, o filmeque mais se destacou
foi O Rei dos Reis (1927) de Cecil B. DeMille.
O tema foi abordado em diversas ocasiões, e de
diversos pontos de vista: Desde a grandiosa produção de Hollywood O Rei dos
Reis (Nicholas Ray,1961) até as visões mais austeras de cineastascomo Pier
Paolo Pasolini (Il vangelo secondo Matteo, 1964). Também deram sua
interpretação pessoal à figura de Jesus autores como Buñuel(Nazarín, 1958), y Dreyer
(Ordet, 1954).
Alguns dos filmes mais recentes sobre a vida de
Jesus não estão isentos de polêmicas. É o caso de A Última Tentação de Cristo
(1988), de Martin Scorsese, baseado no romancehomônimo de Nikos Kazantzakis,
muito criticado por sua interpretação pouco ortodoxa de Jesus. O filme de Mel
Gibson,A Paixão de Cristo (2004) recebeu a aprovação de vários setores do
Cristianismo, mas foi considerado anti-semitapor alguns membros da comunidade
judaica.[174][175]
A personagemJesus tem sido tratado no cinema de
vários ângulos. [nota 43]Existem interpretações satíricas da figura
do criador do cristianismo, como A Vida de Brian (Terry Jones, 1979). Musicais,
como o célebre Jesus Cristo Superstar (Norman Jewison, 1973), e também filmes
de animação, como The Miracle Maker (Derek W. Hayes y Stanislav Sokolov, 2000).
No teatro
A vida de Jesus também tem sido levada aos palcos
da Broadwaye a outras partes do mundo através dos musicais. Entre as
representações líricas da vida e da obra de Jesus pode-se destacar o popular
musical Jesus Cristo Superstar, uma ópera rockcom músicas de Andrew Lloyd
Webber e arranjos de Tim Rice, representada pela primeira vez em 1970, e que
posteriormente viria a se espalhar pelo resto do planeta. Também se destaca a peça
de teatro Godspell, com música de Stephen Schartz e arranjos de John-Michael
Tebelak, que foi encenada pela primeira vez também em 1970. No teatro do Brasil,
destaca-se Auto da Compadecida, peça de Ariano Suassuna escrita em 1955 e
publicada em 1957, que retrata um jesus negro.
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